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Pesquisa apontou que 55% das empresas de pequeno porte estão comprometidas com a transição para uma cadeia produtiva que respeite a economia de baixo carbono
Sustentabilidade empresarial é uma demanda cada vez mais urgente no mundo dos negócios. Uma pesquisa da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) apontou que 55% das empresas de pequeno porte estão comprometidas com a transição, nos próximos dois anos, para uma cadeia produtiva que respeite a economia de baixo carbono.
As ações pela preservação do meio ambiente pode impulsionar economicamente o crescimento das empresas e melhorar a qualidade de vida dos funcionários. O estudo da CNI detectou que, atualmente, 76% dos executivos consideram o tema como uma oportunidade de negócios.
O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, acredita que não há mais divergência entre desenvolvimento e conservação do meio ambiente. “As indústrias de pequeno porte estão atentas à importância da implementação de ações concretas de sustentabilidade em seus processos. Na COP26, pudemos ver exemplos do setor produtivo alinhados com as melhores práticas globais”, afirmou Bomtempo.
Liderança do Estado
Foram ouvidos 500 empreendedores de todo país para a pesquisa da CNI. As ações das empresas consultadas são voltadas para evitar desperdícios de energia e água (90% e 89%) e para a gestão de resíduos sólidos (85%). Seguem como práticas, também, processos dedicados a reduzir ou eliminar poluição do ar ou da água e logística reversa de produtos (52%).
Na avaliação de Vinícius do Carmo, economista pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o investimento em sustentabilidade guiará os empreendimentos nos próximos anos. “Temos fundos de investimento com notáveis performances que seguem uma política de restrição por empresas com gestão ESG (sigla em inglês para “ambiental, social e governança”). Há um caminho financeiro para alcançarmos mais sustentabilidade”, aponta.
O arquiteto Thiago Meireles, especialista em sustentabilidade na arquitetura, ressalta que a demanda por construções sustentáveis saltou nos últimos anos. “Sabemos que nossos recursos naturais estão acabando. Então, é a educação de cada pessoa. Falta falar mais sobre o assunto, buscar mais esse tema”, ressaltou.
Dos empreendedores entrevistados pela CNI, 71% afirmaram que o Estado deveria chefiar, controlar e estimular o cumprimento das regras ambientais. As prioridades do governo federal deveriam ser: financiamento/crédito verde, aumento da fiscalização e incentivos.
Fernando Rei, professor de direito ambiental da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e da Universidade Católica de Santos, aponta a importância da iniciativa das pequenas e médias empresas. “É comum pensar que empresas de pequeno porte causam pouco ou nenhum impacto ambiental. Mas quando levamos em consideração que ultrapassam 11 milhões, torna-se significativo”, observa.
O conceito de sustentabilidade empresarial ganhou importância nos últimos anos, na teoria e na prática organizacional. “Enquanto ainda existe uma falta de clareza sobre o que constitui a sustentabilidade empresarial e a melhor forma de alcançá-la, um caminho é a adoção de uma cultura organizacional orientada para a sustentabilidade”, disse. “Essa cultura requer um processo de conscientização e de envolvimento de todos os colaboradores, abrangendo toda a esfera organizacional, humanizando-se todos os processos, com o propósito de criar conceitos e significados que sejam duradouros e que passem segurança na transição”, concluiu Rei.
Mesmo com a preocupação ambiental, 88% das empresas admitiram não ter deixado de vender seus produtos por não terem alguma certificação ou seguirem alguma ação de sustentabilidade. Das consultados, 54% afirmaram que não exigem certificação de fornecedores. No entanto, 22% são cobradas pelos clientes a adotarem boas práticas de gestão ambiental.[ Via: www.correiobraziliense.com.br ]